“O jardim não pode cultivar a si mesmo, é necessário um jardineiro. Quando o jardineiro ara, capina, semeia, rega os canteiros, a terra dá flores e frutos que beneficiam a sua vida. O jardineiro sabe que não é ele que produz os frutos, e sim a própria terra; seu trabalho é simplesmente cuidar dela.”

-(Thich Nhat Hanh, Transformações na Consciência, Ed. Pensamento).

Comece pensando nisso, agora você não é mais uma área de terra, que produz seus próprios frutos, alcança seus próprios resultados, mas sim o jardineiro: responsável pelo cultivo e pela produção de diferentes frutos, em diferentes “pedaços” de terra; cada qual com suas especificidades.

É por isso que o primeiro ponto é compreender que a partir do momento em que você se torna um gestor, seu papel muda, e muito! O que te trouxe até aqui não é o que vai garantir que você se dê bem nesta nova posição, ou continue evoluindo em sua carreira.

Você já ouviu falar do pipeline de liderança?

Este modelo, de “Encruzilhadas de Carreira” (Career Crossroads) desenvolvido por Ram Charam, Stephen J. Drotter e Jim Noel afirma que o caminho de desenvolvimento de um verdadeiro líder passa por uma série de experiências variadas, que acontecem em 6 principais passagens. Cada etapa do Pipeline exige não só novas habilidades e conhecimentos, mas mudanças na forma de pensar, de agir e de encarar valores de trabalho.

Então vamos conhecer estas 6 passagens:

Vamos focar aqui na primeira e fundamental transição: Líder de Si para Líder dos Outros.

Embora possa parecer uma passagem fácil e natural, geralmente é onde a maioria das pessoas tropeça! As pessoas com alto desempenho são particularmente relutantes à mudança, querem continuar realizando as atividades que as tornaram bem sucedidas e as trouxeram até aqui.

Por isso, é essencial compreender a necessidade de realocar seu tempo, não só para conseguir realizar o novo trabalho, como também para auxiliar os outros a realizarem seu próprio trabalho efetivamente. É necessário fazer uma troca: ao invés de executar o trabalho, você deve conseguir que o trabalho seja realizado pelos outros!

A principal e mais difícil mudança desta primeira passagem passa por Valores. É necessário não somente compreender, mas sim aprender a valorizar o trabalho gerencial, não simplesmente tolerá-lo. Você precisa efetivamente acreditar que dispor seu tempo para os outros (planejando, orientando, etc) é uma tarefa necessária e de sua responsabilidade. Mais do que isso, o trabalho direcionado aos outros passa a ser decisivo para o seu sucesso! Agora não basta você ser produtivo, é necessário tornar o seu time produtivo.

É por não compreender ou não realizar esta troca de atividades, continuando a se comportar como colaborador individual, competindo com sua nova equipe para executar tarefas que já não deveria realizar mais, que, segundo pesquisas, 60% dos novos gestores falham nos primeiros dois anos na posição.

Então, não se esqueça:

Tenha em mente também alguns mitos e realidades sobre ser gestor:

Mitos:

• Gestores têm autoridade e liberdade significativas para fazer com que as coisas aconteçam;
• O poder dos gestores vem de sua posição formal na empresa;
• Gestores têm que controlar seus subordinados diretos;
• Gestores lideram sua equipe construindo relações com cada indivíduo.

Realidades:

• Estão vinculados a uma rede de pessoas que os cobram de modo mais intenso;
• O poder vem da capacidade de influenciar e estabelecer credibilidade com subordinados, pares e superiores;
• Controle não significa compromisso, e os colaboradores nem sempre seguirão regras;
• Ações direcionadas a um membro da equipe influenciam os demais, afetando a moral e a performance do grupo.

E mude seu foco:

• de tarefas para pessoas
• de falar para ouvir
• de fazer para delegar e engajar.

Mas como?

Após entender com maior profundidade a necessidade de mudança de sua postura, busque apoio com seu superior direto, ou com uma pessoa que seja referência em liderança de pessoas para você e compreenda a importância de apoiar e desenvolver sua equipe. A qualidade de seu relacionamento com superiores, colaboradores e pares, é o que dará o tom de sua gestão. Além disso, habilidades como ouvir, influenciar e aprender a se posicionar para cima e para baixo são essenciais nesta nova posição.

Para isso, mapeie sua equipe, seu superior e seus pares. Conheça bem as necessidades e expectativas de cada um.
Alinhe suas expectativas e forma de trabalho com sua equipe e torne-se conhecido!

Utilize a Liderança Situacional: é necessário que você consiga identificar e compreender as diferenças entre as pessoas, dando tratamentos diferentes para pessoas diferentes, em momentos diferentes. Afinal, não existe um único modo de influenciar pessoas, sua atuação deve depender do nível de maturidade de cada um. (Você pode compreender melhor este conceito e como aplicá-lo em “Líder Coach”).

Conhecendo melhor as pessoas do seu time, busque oferecer desafios coerentes a capacidade de cada um; conheça e reconheça forças e fraquezas individuais e da equipe como um todo; busque oportunidades de desenvolvimento em cada um e incentive, direcione!

E, principalmente, delegue!

Atribua poder às pessoas para que realizem determinada tarefa, deixe claros os objetivos e suas expectativas, mas dê oportunidade para o colaborador decidir.
Delegar te dará oportunidade de investir seu tempo em ações estratégicas, ampliará seu campo de visão, e ainda te trará oportunidade de compartilhar conhecimento e de desenvolver sua equipe.
Cuidado com pensamentos como: “se eu fizer será mais rápido e o resultado final será exatamente como eu espero e necessito.” Esta é uma armadilha clássica, que não te deixará evoluir em seu Pipeline e limitará o crescimento de sua equipe, desmotivando aqueles que trabalham contigo.

A Liderança Situacional te ajudará a compreender os estágios de cada colaborador de sua equipe e assim definir como trabalhar e o que delegar a cada um!
Seu papel agora é incentivar, reconhecer o trabalho bem feito e saber cobrar. Esta jornada está apenas começando e existe uma série de ferramentas que podem te auxiliar em seu dia a dia na gestão de pessoas, além de suas próprias experiências e referências de líderes que você possui. Tudo isso irá contribuir em sua formação como gestor de pessoas.